Namorava a noite
Desbravava o silêncio
Suportava o frio intenso
Chuva, ventos, açoites...
Ia na rua deserta
Sem plano de chegada
Não havia porta aberta
Naquela noite calada
Flutuava com os pés no chão
Com a alma ferida
A despeito da vida
Ainda sentia o coração
O sono atroz, o cansaço
O calafrio
A crueza do frio
Ainda sentia um abraço
No peito, feito punhal,
O afago da morte
Que apertava tão forte
Naquele instante fatal
Fez-se um silêncio mortal
Com o último gemido
Daquele corpo estendido
Naquele instante fatal