Depois que eu me for, se eu puder voltar
A esta querência numa nova vida
Pedirei a Deus pai ao alcançar-me esta graça
Que ela seja merecida
Quero nascer no coração de um cerro
Entre peraus e bamburrais de espinhos
Água que rompe as veias do rochedo
Por entre sombras que protegem ninhos
E descerei cantando os brutos
Sulcando a terra em límpida corrente
Pelas raízes chegarei aos frutos
Para alimento dessa minha gente
No meu caminho levarei a chuva
Para a lavoura onde viceja o milho
Hei de lavar os olhos da viúva
E dar-lhe forças pra criar o filho
E mesmo que me ataquem os venenos
Voltarei puro pela mesma fonte
Nessa constância dos caudais pequenos
Corpo de pedra e alma de horizonte