O destino quer que eu cante
E, a cantar, eu me concentro
A querência eu levo dentro
E o resto, toco por diante
Podem me chamar de louco
Mas aprendi com os mais quebras
A não galopear nas pedras
Nem pelear por muito pouco
A lição número um
Eu aprendi com meu pai
Quem não sabe pra onde vai
Não vai a lugar nenhum
Nunca refuguei bolada
Se me toca, me apresento
E tenho a crina esfiapada
De galopear contra o vento
Do meu manancial de penas
Quase todas se extraviaram
Umas, porque se agrandaram
Outras, por muito pequenas
Tive um antes e um depois
Quando me larguei a esmo
Decerto, por isso mesmo
Os meus destinos são dois
Dois destinos de índio incréu
Sobre um mesmo coração
Um que me prende no chão
Outro me puxa pra o céu
Porém, o que me arrebata
No destino de xirú
Em vez das pilchas de prata
As garras de couro cru!