Vaine Darde / João Chagas Leite
Milonga
Nem mesmo o vento me peala, nem pros trovões eu me calo
Sob a tenda do meu pala me acomodo e me agasalho
Pois o campo é uma sala pra quem tem um bom cavalo.
Se o rio escapa do brete, se a geada é vidro no pasto
Quem é florão de ginete encontra abrigo nos bastos,
E qual um astro cadente se some deixando um rastro.
Que o vento ‘venga’ dos Andes, que a chuva caia do céu
Não me importa onde eu ande eu quero viver ao léu
Para morar no Rio Grande eu me abrigo no chapéu.
Se o potro negar estribo e sair trocando orelha
Aí no más eu te sirvo e a briga vai ser parelha
E enquanto eu me snetir vivo vai chover mango e estrela.
Se a china casar com outro, que o padre toque o badalo
Eu sempre pago meu coto bebendo só no gargalo,
Mas levo o destino solto igual ao canto do galo.