Lucidio C. Pinto
Milonga
Velho angico missioneiro bem na frente da porteira
Que muito serviu de sombra pra viajante carreteiro
Num gesto curvo e elegante, alto, forte e sem luxo
Mandando passar pra adiante bem como faz o gaúcho.
Esse angico que lhes falo nasceu na beira da estrada
Sem galhos muito deu brasa pra muito fogo de chão
Esquentou muita água fria pra servir o chimarrão
Também serviu de argumento pra alentar o coração.
Quem conversar com esse angico
Dá impressão que responde –
Vindo a voz não sei de onde
Mais eu sinto que ele fala
Mas eu sinto que ele fala..!
Seu tronco furado a bala
E algumas lãs de pelego
Guardando ali os segredos
De muitos gaúchos maulas,
De muitos gaúchos maulas..!
Mas agora velho angico só a saudade ficou
Mas pra minha lembrança que o tempo não apagou
Velho angico missioneiro desta terra quem que nasci
Que fez parte d aminha vida dos meus tempos de guri.