Salvador Lamberti / João Chagas Leite
Milonga
Quando a manhã pousa seus raios na janela
Sombras tão lindas beijam hastes coloridas
Vem um perfume com ares de primavera
E o sol espera pra trazer a luz da vida
As pitangueiras choram lágrimas de orvalho
E entre os galhos o revoar dos passarinhos
Em alaridos e gorgeios de alegria
Saudando o dia que chegou nesses caminhos.
Um véu de noiva cobrindo o topo dos cerros
Quando um cincerro soa triste nas canhadas
Nesta moldura que repousa na janela
Eu vejo aquela minha terna namorada
As verdes matas tem as cores mais escuras
Como esculturas nas pedras de paredão
Águas deslizam formando um imenso véu
Partes do céu fugindo da cerração
A cor cinzenta das geadas das invernias
As manhãs frias me maltratam sem piedade
Jamais afasto meu olhar daquela estrada
Vem minha amada vem matar esta saudade.