Pércio Espindola / João Chagas Leite
Toada
Num rancho bem simples fiz minha morada
Que é guardada na historia de um brasileiro
Que um dia cansado do tranco da estrada
Largou do cavalo e foi ser violeiro.
Do alpendre olha a tarde no fio do horizonte
Em logo namoro com o entardecer
Se a noite me traz a saudade em reponte
E pego a viola e espanto o sofrer.
No grito dos grilos o tempo a passar
No toque dos sinos a Ave-maria
Se o sol de passagem me deixa o luar
Ponteando a viola clareio outro dia.
Se as velhas paixões ou amores de outrora
Aos bandos se assentam as voltas das casas
Me faço viola e no braço do vento
Dou uma volta no tempo que viola tem asas.
O ipê me revela da mata os segredos
Que o vento sussurra pra noite passar
São tantos mistérios, tamanho os meus medos
Que abraço a viola e me pego a cantar
O canto das águas na sanga a correr
Murmura saudade e faz recordar
E á tanta lembrança, tão pouco viver
Não fosse a viola me punha a chorar.