Salvador Lamberti / João Chagas Leite
Toada
Quem nunca viu pelos beirais dos corredores
Algum matuto ofertando papagaios
Mostrando cestos de criciúma com butiá
São os nativos que oferecem seus balaios
Margeando as pontes pelos vales dos riachos
Seguindo a estrada do deserto e do abandono
Perderam rios, as serranias e as florestas
Em seus princípios de que a terra não tem dono.
Esses que são os naturais donos da terra
Vivem famintos sem camisa e pés no chão
Quem foi semente para gerar a nossa história
A própria pátria não lhes deu usucapião
Mas o rio grande hoje abriga indiferente
Trapos humanos de nativos guaranis
Rondando a sorte sem nascentes e esperança
Matando a herança dessas margens do Ibicuí.
De nada adianta os avanços da ciência
Matando a alma não floresce nossa historia
Quando a miséria ronda os ranchos Tapejaras
Nessas taquaras que trançam nossa historia.