João Pantaleão Gonçalves Leite / J. C. Leite
Batidão
Quando o sol, tomba na tarde nos confins do meu rincão
A noite traz na garupa uma enorme solidão
A tristeza logo chega fazendo a alma dolente
É uma saudade danada pisa o coração da gente.
Na imensidão destes campos onde a quietude ainda existe,
A solidão e a saudade fazem a gente cantar triste
Ao som da viola parceira afugento os meus queixumes
Vou buscando a inspiração no lume dos vaga-lumes
La no alto a estrela guia me dá força ao pensamento
E o verso vem de a cavalo no choro triste do vento.
Uma coruja agourenta olhar aceso e quebranto
Por gostar da solidão vem se amoitar no meu canto.
E a lua sempre variada solitária e sem abrigo
Por não ter com quem prosear então vem matear comigo;
Perguntei pra lua cheia porque, que a saudade chora
A tristeza nos machuca e a solidão nos devora.
A lua não respondeu e se foi na escuridão
Deixando um clarão no céu na forma de um coração.