Lá diante o negrinho estendeu
O gateado metendo um galope
E a várzea em retruco deixou
Que de longe se ouvisse o tropéu
Eram só quatro patas
Mas bem parecia um rumor de tropilha
Que um tajã na coxilha, bandeou assustado
As divisas do céu
Não sei bem, porque pressa
Levava o negrinho a sopro de vento
Ou se era um mandado
De raio ou patrão que tocava o cavalo
Só sei que cruzou, sem dar "buenas tardes"
Firmando as esporas
Pelo certo com "as hora"
Um pouco perdidas, do canto do galo
Quem têm pressa na vida
Às vezes por nada, só cansa o cavalo
Outras vezes podia, deixar dois
Três mates na volta pras casas
Mas também quem se perde nas dobras do dia
Campeando alguns bois
Vai chegar bem depois
Quando o fogo já está mermando nas brasas
Mais bem longe o negrinho
Que eu ia contando, sumiu-se da vista
Não ficou nem poeira, nem "buenas"
Nem sombra, contando a cruzada
Só estendeu-se o tropel de outras patas
Batendo no carnal do couro
E mais cinco em seus mouros
Seguiram a várzea na mesma pegada
Que teria o negrinho
Por conta da sorte, uma légua de sobra
Mas bueno não era que ia com pressa
E com os cinco de atrás
Que se canse o cavalo, ou que chegue bem cedo
Quem sabe a razão
Quem têm rédeas na mão e um motivo que valha
Bem sabe o que faz
Lá diante o negrinho estendeu
O gateado metendo um galope
Quem têm rédeas na mão e um motivo que valha
Bem sabe o que faz