Alma de pinho e cordeona
Forjada pela fronteira
Contando as coisas do campo
Numa milonga a preceito
Parece que quando cantas
Num ritual de vida e lida
O próprio vento minuano
Se aquerencia em teu peito
Cada verso é uma semente
Plantada com as mãos da arte
E o fruto que se reparte
Depois das tantas colheitas
É o feitiço curandeiro
Que alivia e traz alento
Quando bate o sentimento
Das ilusões já desfeitas
O canto da mocidade
Na pampa inteira ressona
Guardam na vida pra si
Teus tantos ensinamentos
Veludo em notas serenas
Versos de terra e galpão
E uma garganta abençoada
Pela voz xucra do vento
Mas a vida querendona
Sempre guarda a recompensa
Pra quem canta sua querência
Sem pensar em fama ou lucro
Por tropeadas e tertúlias
Coxilhas e reculutas
Quando o rio grande escuta
Tua voz de vento xucro
Quisera passar os anos cantando o pago liberto
Ter um orgulho em poesia
Aqui do sul bombachudo
E esporear o destino
Pra domar enfermidades
Sendo tronqueira clavada
E gaúcho acima de tudo!