O velho João vinha lindo
Num pingo cor de baeta
Cola atada, quatro galhos
E na sombra a silhueta
Da rendilha acomodando
Pescoço, tranco e cabeça
Chapéu grande bem tapeado
O tirador
De capincho
A rastra pisponteada
Da lonca de um cabrito
E uma coqueiro antiga
"pra modo" de algum bochincho
Um pala atado no pulso
Bem pela moda campeira
Velho basto "paysandu"
Com maneador na encimêra
E as chilenas prateadas
Mordiscando a barrigueira
Deixou assim a lembrança
De um gaúcho dos antigos
Destes que cruzavam campos
Ao tranco manso de um pingo
Levando a essência de um povo
Pelas tardes de domingo
Com ele vão as histórias
Bordando o chão da estrada
Nos olhos leva a distância
Feito muitos de cruzada
Que dizem tanto na estampa
Mesmo sem falarem nada
O velho João foi de passo
"pacholeando" assim no más
Deixando mais que a imagem
Aos que ficaram pra trás
Semblante "gaucho" a cavalo
Que nem o tempo desfaz