Vinha uma ponta de gado
Rumo à mangueira da estância
Desde os meados da infância
"me gusta" andar no costado
Da tropa no descampado
Fazendo rastro no mundo!
Foi assim que, num segundo
Um zebu canela fina
Teimou com a sorte malina
Ganhando o campo do fundo
Saiu com gana e com jeito
De um temporal de janeiro
Pra ele, o rio grande inteiro
Ficou mais curto e estreito!
Eu tenho um velho preceito
Que o "doze braça" sustenta
"só largo quando arrebenta! "
E a minha égua é uma parda
Que já nasceu na vanguarda
E eu batizei de tormenta!
Eu rasguei um armadão
Forcejando contra o vento
Ouvia o cantar dos tentos
Da presilha ao argolão
Mas quando eu abri a mão
E a trança ganhou o espaço
O mundo ficou escasso
Pro maula que disparava
E, por certo, não contava
Com a precisão do meu braço!
A tormenta virou brisa
Tem doma e temperamento
Sabe avaliar o momento
E usa só o que precisa
Saí estufando a camisa
Pois tem sobra de motor
E o zebu disparador
Sentando, bem contrariado
Volta pra ponta de gado
Olhando pro cinchador!