Junto às barras do infinito mais um dia vem surgindo
O sol já nasce branindo com seu entono machaço
Vermelho que nem as brasas de um pai de fogo de
aroeira
Templando o céu da fronteira com previsões de mormaço
O rodeio lá dos fundos tem bicheira e carrapato
E cedo entra para o mato quando o sol quente carrega
Mas hoje é dia de banho e o índio bueno e campeiro
Não deixa nenhum terneiro escondido nas macegas
A cachorrada da estância campeia água na sanga
E D. Ezíbio arremanga sua bombacha inté o joelho
Mete o cavalo, abre o peito ó o buraco bicho fraco
E o sol vindo mais um naco, vem sapecando parelho
E assim o rodeio emboca arrastando em meio a poeira
Uma zebua caborteira que vem pisoteando a cria
Berrando e cheirando a terra atropela na cuscada
Que vem latindo assolheada com o sol do meio dia
O calor que vem de baixo se mescla ao que vem do céu
Parece que um fogaréu vai levantar sobre as pedras
Queimando o couro do índio que pisa o chão da
mangueira
Guasqueando a sina campeira que Deus lhe deu por ser
quebra
E quando o mormaço brabo vai calmando ao despacito
A tardinha vem no grito de algum tajã do banhado
Que abre as asas pachola onde o céu se adelgaça
Medindo quase uma braça no horizonte encarnado
Coisa feia é mormaceira que aquebranta carne e osso
Castigando o índio grosso que sente um peso na estampa
Dá inté pena da alma que parece mais miúda
Quando a empreitada graúda mescla poeira, casco e
guampa!