O vento norte trouxe a chuva no cabresto
chuva batida rolando no chão bagual
veio pra terra feito uma égua chucra
que não conhece a serventia do buçal
É num dia assim que se remenda arreios
se trança cordas num ritual sagrado
e se volta pra dentro de si mesmo
na quietude de um galpão enfumaçado
e se volta pra dentro de si mesmo
na quietude de um galpão enfumaçado
A água vai levando as folhas soltas
por pequenas corredeiras feito um barco
os quero-queros gritando em contraponto
A canção da saparia lá no charco
A cerração nos olhos encurta distâncias
a mão do vento guitarreia estranhos sons
não se vê canhadas nem mesmo esses trevais
que o gado manso vem buscar nos dias bons
Nesta hora se tira tentos das loncas
não hay nenhum movimento de encilha
mangos e esporas dormem em ganchos toscos
dia de folga pra os cavalos da tropilha
Se mateia quieto pra chover pra dentro
pra encher de paz o açude do coração
é um regalo um dia assim de chuva
pra quem tem a alma aquerenciada num galpão
é um regalo um dia assim de chuva
pra quem tem a alma aquerenciada num galpão