Meu verso boleia a perna
Na curva de um corredor
Um pôr-de-sol colorado
Veste de um gris azulado
A copa das corticeiras
Sangradas de seiva em flor
Meu verso, cansado e triste
Havia um fogo empeçar
Esperando a noite larga
Mateio as ânsias amargas
Dos meus penares vaqueanos
Já gastos de tanto andar
Meu verso, amargo e solito
De tanto buscar sem ter
Vislumbra a D'alva imponente
num sol vermelho nascente
Beber água da vertente
Da luz de um amanhecer
Meu verso encilha despacio
Na manhãzita o ritual
Como quem recorre um campo
Sem pressa por companheira
Assobiando uma coplita
Sem princípio, nem final
Meu verso procura a volta
E senta o corpo nos bastos
Um largo fio de horizonte
Revoluteia o pañuelo
Convidando a caminhante
A jornada retomar
Meu verso, amargo e solito...
E meu verso encurta a rédea
Taloneia o mouro pampa
Como um gaúcho de estampa
No seu mistér de andejar