Na mesma marcha troteada
Que é um regalo da baia
Fui apalpando uma “paia”
Pra acomodar meu palheiro
De rédea, volteando o braço
Me larguei pra uma bailanta
Já calculando as percanta
No abraço deste campeiro
Já de longe ouvi um sonido
De uma gaita resmunguenta
Mais de perto, um pandeirito
E duas colher trabalhando
O Tio Antero era uma pua
Bulindo prima e bordão
Num vanerão sacudido
Pra o povo bailá blandeando
Quando porteei no salão
Vi cada tipa buenaça
Mandando saia com gana
Quando uma marca empeçava
Umas alta e outras baixas
Carnudas, secas e fofas
Dando tiro que é umas loca
Na indiada que se ofertava
Me bateu uma tristeza
De rachar o peito ao meio
E o causo se parou feio
Quando volteei no salão
Parecia que as feia
Gaúchas do nosso estado
Tinham ali se acampado
Pra torear meu coração
De início, eu não dancei
Por mim, que as tal guria
Gastasse dedo e agulha
Tramadas n’algum crochê
Mas, só depois, entendi
Que o que eu tinha era saudade
Da amada que, em verdade
Eu não podia esquecer
E não havia lindeza
Que me fizesse algum bem
Nem cinchado na cintura
De bigode na oreia
Mas bailei, pois é a vida
Em que o índio fica feio
Se nos falta um negaceio
Quando um amor nos maneia
Me bateu uma tristeza...