Não quero ser malcriado
Não gosto de grosseria
Mas continuar calado
Eu acho que é covardia
Tem cantador por aí
Fazendo estripolia
Vou entrar no jogo bruto
Com esses caras fajutos
Que negam os estatutos
Da própria categoria
O poeta sertanejo
Com sua filosofia
Ele mostra a natureza
Através da poesia
Poeta fala de amor
E não de pornografia
Quem quer alcançar a meta
Deve andar em linha reta
Poeta que é poeta
Não escreve porcaria
Há um tipo de canção
Que já nasce em agonia
É como fogo de palha
Sucesso dura poucos dias
A moda sofisticada
Caboclo não aprecia
A canção tem que ser pura
Sem desvio e sem rasura
Sertanejo não mistura
Macarrão com melancia
Cada coisa em seu lugar
Cada santo tem seu dia
A casa sem alicerce
Não agüenta ventania
A música sem origem
É fraca, vulgar e fria
Ainda se vê bastante
Cantador ignorante
Esperando o elefante
No carreiro da cotia
Uma praga estrangeira
Em forma de melodia
Contagiou muitas duplas
De pouca sabedoria
Mas eu creio nos caboclos
Que tem a mente sadia
Neste verso derradeiro
Digo ao meu companheiro
Violeiro que é violeiro
Não canta desarmonia
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)