Eu fui fazer um passeio no meu mundo de poesia
E reviver meu passado ja jeito que eu pretendia
Vi meu cavalo Pedrez, a minha besta Ruzia
Meu velho carro de boi, rodeando a sertania
Meu avo cantando firme na sua viola macia
Batendo o pé num catira até no romper do dia.
Eu vi a porteira grande que no balanço rangia
Toda vez que alguém chegava, toda vez que alguém saia
O caminho da moenda era o mesmo que eu fazia
Quando pra escola mista bem cedo me dirigia
Avistei toda baixada, minha roça que crescia
Muito milho foi plantando, eu pai de tudo colhia.
O ribeirão santa helena do mesmo jeito corria
Quantas vezes de anzol eu fiz boa pescaria
E no pasto verdejante meu gado todo mugia
Ainda encontrei pedaços da cerca de alvenaria
As batidas do monjolo só o eco respondia
O balaio de farinha que a minha mãe fazia.
É lá de traz da serra o lugar que eu vivia
Hoje só resta os sinais da casinha que existia
A saudade desse tempo me persegue, me judia
Recordo as chuvas de pedra quando o céu escurecia
Seu moço esse cenário o senhor desconhecia
Meu Pontão mal assombrado, minha velha moradia.