Sou caboclo sertanejo
Nasci pra viver na roça
Eu gosto do meu sertão
De toda coisa que é nossa
O meu cavalo alazão
A minha véia paióça
Não vou viver na cidade
Não é questão que eu não possa, ai, ai
Com a vida da cidade
Franqueza não acostumo
Gosto de tá na fartura
Que sobra do meu consumo
O paiol cheio de milho
Umas trinta arroba de fumo
Um ano que corre bem
Numa coieita eu aprumo, ai, ai
Caboclo trabalhador
Miséria ele nunca passa
Tenho minha cartucheira
Perdigueiro bão de caça
Eu pego meus aviamentos
Sumo pra aquela quiçassa
Codorna levanta vôo
Faço deitar na fumaça, ai, ai
Como frango todo dia
Um no armoço outro na janta
Levanto de madrugada
Na hora que o galo canta
Trato meus porco de ceva
Que de gordo nem levanta
Dou um abraço na cabocla
E vou cuidar de minhas plantas, ai, ai
Eu só visito a cidade
Umas duas vez por mês
Assim mesmo eu paro pouco
Na venda que sou freguês
Ali eu bebo umas pinga
Converso com o português
Compro do que necessito
E volto pro rancho outra vez, ai, ai
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)