Este berrante feito de um chifre de boi
Outrora foi instrumento de trabalho
Era com ele que eu chamava a boiada
Quando viajava na estrada ou atalho
Este berrante hoje está silenciado
O seu passado já ficou muito distante
Não mais se vê boiadeiro na estrada
E a boiada não precisa de berrante
Este berrante hoje belo e esquecido
Foi preferido do companheiro Prudêncio
Não mais se ouve seus repiques na invernada
E a boiada chora seu triste silêncio
Tal qual a ele vou vivendo na tristeza
Minhas proezas já não tem nenhum valor
Nada mais somos que as cinzas do passado
Estou magoado sem carinho e sem amor
Quando eu morrer quero levá-lo comigo
Em meu jazigo caberá ele também
Entre lembranças para sempre viveremos
Não mais seremos humilhados por ninguém
Berrante amigo, chifre de boi pantaneiro
Seu companheiro também não tem profissão
Iremos juntos pra derradeira morada
Chamar boiada no céu do eterno patrão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)