Quando os galos amanheceram
Seu corpo de touro, de moço e de fera
Trazia o olhar dos que partem
Em tudo via um jeito de tapera
A asa negra de um carancho rondou seu olhar
Se via pelo frio, pela sombra e distância
Os olhos amanheceram antes do corpo
Sonhara com coisas além da estância
Vendeu ponta de gados, as garras, o mouro
Tudo a engordar quimeras
Partiu pensando somente bastar-lhe
O braço de moço, de touro e de fera
Quando a fome cinchou os dias
Da criatura, moço e fera
Já não encontrou a estampa de touro
Está ficou junto ao posto tapera
Então, o braço de moço e fera
Minguado de suor, serventia e pão
Pedindo perdão aos seus
Se fez de moço, de fera e ladrão
Caiu-lhe a armada da lei
Com sua textura de teia de aranha
Aos grandes, o laço se rompe
É aos pequenos que ela apanha
Quando a milícia veio estaquear os laços
A criatura, a fera, o condenado
Lhe regressaram aos olhos de moço
Uma fúria de touro acuado
A asa negra de um carancho rondou seu olhar
E em tudo via um jeito de tapera
Trazia os olhos de quem pressente o abate
Fareja sangue de touro, de moço e de fera