Guardo cada ponta de cerro
Da querência das retinas
N'uma saudade brazina
Que meu sonho encilhou
Deu de mango e esporeou
Com requintes de maldade
E sem um naco de piedade
Da minha vida se adonou.
Devolveu meu rancho barreado
Encilhado de capim
Parte mais xucra de mim
Quando o sonho era real
N'uma vidita bem bagual
De tropas e corredores
Pra os meus olhos campeadores
E uma tristeza sem igual.
Revivo os cerros, as várzeas,
Os caponetes e os sangões,
Os corcovos dos redomões,
E a tisna rubra das espras.
Lembrança pra qualquer hora
Quando o sonho chega ao fim
N'uma mostra que eu vim
E a alma ficou lá fora.
Por isso as léguas se encurtam
No trote largo da saudade
Campeando todas as verdades
Encravadas dentro da gente
Não tem braseiro mais quente
E nem mate mais amargo
Do que viver longe do pago
E ao mesmo tempo tão presente.