Tal se o amanhã dependesse
De um cantar de importância
Um galo acende a vida
Na geografia da estância
E se o amanhã dependesse
De um mate na madrugada
Quando o Sol canta de galo
Cuias se quedam lavadas
Tal se o amanhã dependesse
De um causo ao pé do fogo
Histórias de tresontonte
Que o avô canta pra o novo
Talvez o amanhã dependa
Da memória dos galpões
Rastros da história gaúcha
Pelas manhãs dos fogões
Talvez o amanhã dependa
Daquilo que se repete
Almas que foram de outrora
Hoje encilhando fletes
Por isso sempre amanhece
Tudo meio que era
Homens, galos e rodeios
Com seus destinos de terra
Porque o amanhã é um passado
Feito de longas esperas
Definindo a cada dia
O que aprendeu com a terra.