Quando o compasso do mundo mudou
E o cantar dos galos perdeu a importância
Os tempos se fizeram outros
Antes e depois da porteira da estância
Quando os motores do tempo
Mudaram tudo num instante
Tudo o que o homem fazia
Deixou de ser o bastante
O homem inventou suas máquinas
Aos poucos perdeu a importância
Sobraram braços no mundo
Antes e depois da porteira da estância
Quando a os galos fizeram-se inúteis
E sem serventia os braços
Multiplicou-se a falta de pão
Minguaram sorrisos, abraços
Foi quando calaram-se os galos
E o mundo ficou tão estranho
Nele, já não cabe todos
Ainda que mesmo o seu tamanho
Quem for dos que sabe o tempo
Que a doma de um xucro consome
Saberá quando se doma um olhar
Se faz natural a visão da fome
Quem for dos que sabe do tempo
Dos homens com olhos atentos
Porque endureceu nosso olhar
Quando os passos deixaram de ser lentos
Quando o cantar dos galos perdeu a importância
Ao seu olhar ignorante
O homem fez o mundo moderno
E, o mundo, ficou pior do que antes