Na boca do povo correu
num destes fundões do fim do mundo,
que vinha num mouro
um paisano,
com ares de viramundo.
Há muito corria na boca de muitos
que um do rincão tinha dito,
que em algum lugar "tava" escrito
que ele viria.
Na boca do povo - a voz de Deus,
corria pelo rincão do fundo
que o homem que vinha num mouro,
vinha... Vinha virar o mundo.
Corriam todos do rincão
a pagar promessas,
apagar pecados,
a lavar as mãos,
e então - esperar pelo mundo mudado.
O homem do mouro era só um homem
que sabe da força que os homens tem,
e quando sabem da força de serem tantos
quantos precisam para ir mais além.
o homem do mouro era só um homem
e um homem só não detem
a força de tantos quantos
é preciso para ir mais além
Então o mundo amanheceu igual
amanheceu exatamente igual...
Não seria um deus
o que vinha num mouro, afinal?
maldizia o viramundo,
a voz de Deus - na boca do povo,
alguém tinha dito - estava escrito,
agora era esperar de novo.