Foi na saída do tronco, rumo ao potreiro da frente, que um baio ruano sestroso
Viu que a vida é um de repente!
Arisco apressou o passo
Ao ver abrir a cancela
A morte às vezes se esconde
Na liberdade singela
E no desnível que havia
(Entre o tronco e o potreiro)
Tropeçou nas próprias patas
Num instante derradeiro
O osso, qual uma faca, deixa a bainha do couro
Se despede para sempre
Num rangido duradouro!
O assombro cerrando o cenho
De quem, olhando, não crê
Fechando os olhos pragueja
Duvidando do que vê A dor que assola o potrilho
Emdobro fere o seu dono
Não há quem perca um cavalo
Que depois não perca o sono!
O homem, descrente, busca
O não de dentro do sim
Não há um ser que mereça
Agonizar té o fim! Já perdeu tantos cavalos
E, então, conhece o motivo: Quando se quebra tão feio
Não consegue seguir vivo
Entrega a arma pra outro
Sem ver escuta o disparo
Que atinge mais o seu peito
Do que liberta o cavalo! A morte, às vezes, se esconde
Naliberdade singela
Mas a esperança renasce
Na próxima primavera!
Quando o setembro boceja
O campo se torna berço
E a vida nota que os fins
Prenunciam recomeços! Éguas parindo e potrilhos
Que as macegas vêm ninar
Não há quem ganhe um cavalo
Que não retorne a sonhar!