Escoa o manto das águas
No sepilhado da várzea
Destapando sangue e passo
Que afogaram o santa fé
Entre a grama boiadeira
Suspensa sobre o banhado
Exalto o azul desbotado
Da linda flor do aguapé
Uma vaca redemunha
Mugindo grosso e tristonho
Empurrando seu terneiro
Pra ressaca da cassente
Se a tiros furando a cria
Entre a paleta e o vazio
Costeando a barranca do rio
Contra o resquício da enchente
A ovelha berra o cordeiro
Desce a coxilha ao rodeio
Quando a cheia se aniquila
Com a mesma força das águas
Também afogo minhas magoas
No manancial das pupilas
A crescente se destapa
Deixando sempre armadilhas
Trampas de olho de boi
Com flexilhas rebrotadas
A touradouros profundo
Formando belas miragens
De verdejantes pastagens
Sobre o mundéu das aguada
O campo enxuga as águas
Mas não apaga a ressaca
Ficou de herança das cheias
Alguns touros estaquiados
Hozamentas pelo pasto
E um varal de palha estendida
Da macega ressequida
Nos sete fios do alambrado