Gado com pasto na boca estendido nas ladeiras
Macegas estraladeiras soltam flores pelo ar
Ouve-se, ao longe, o cantar de um perdigão escondido
E o gado bota sentido no meu jeito de assoviar
Grota e campo, sanga e mato, coxilhas e banhadais
Estradas e pajonais, cocurutos pelo meio
Trina a barbela do freio, escarceia o pingo bueno
Molha o trote no sereno suando a xerga do arreio
A capinchada pastando no campo fino da costa
E o tempo encontra resposta no que nasce, vive e morre
E, assim, a vida transcorre colhendo destes rincões
A mais sabia das lições em cada fato que ocorre
Um touro mascando um osso, focinho erguido, babando
As avestruzes em bando, potrada de pêlo Mouro
Mostrando a marca no couro, o topete até o focinho
E um carancho volta ao ninho num pé de sombra-de-touro
Longe da estância e do posto, não se avista um aramado
Cheiro de pasto e banhado, canto de aves e sangas
Pega-Pegas, Japecangas costeando a grota do fundo
Que é fronteira do meu mundo com aduana de pitangas
O tempo deita no campo, o corpo sova os arreios
A alma fecha um rodeio, coisas do campo no más
Recuerdos que a vida traz pisando a sombra em seu passo
Como rodilhas de um laço quando a armada se desfaz
Venho inteiro de a cavalo, alma, sonhos, pensamentos
Olhos com poeira dos ventos, corpo de mólio torcido
Alma de rancho caído e longes que não se alcança
Sonhos babando esperanças sobre o recuerdo querido
Venho inteiro de a cavalo, alma, sonhos, pensamentos
Olhos com poeira dos ventos, corpo de mólio torcido
Alma de rancho caído e longes que não se alcança
Sonhos babando esperanças sobre o recuerdo querido
Venho inteiro de a cavalo, alma, sonhos, pensamentos
Olhos com poeira dos ventos, corpo de mólio torcido
Alma de rancho caído e longes que não se alcança
Sonhos babando esperanças sobre o recuerdo querido
Venho inteiro de a cavalo, alma, sonhos