Canto hoje e canto sempre
O que sou e o que tenho
Pois o rincão de onde venho
É o santo chão dos ventenas
Que arrastaram nazarenas
Sobre tierra a abajo el cielo
Pela cor deste pañuelo
Que ainda faz peso na goela
Dos que pelearam por ela
“Inté” o último atropelo
Esta cantiga baguala
É o idioma dos bravos
Que se fizeram escravos
Do mundo e da própria sina
E aos poucos o descrimina
Mas não lhes tira o direito,
São tauras do mesmo jeito
Esta é a razão que se acha,
Pois um homem de bombacha
Merece todo respeito
Por isso eu canto em nome
Dos que vivem nos arreios
E em pelados de rodeio
Dão a vida por um pealo
Acham um grande regalo
Trocar a vida por nada
Um índio “venta rasgada”
É sempre um filho do vento
Que ergue a pátria nos tentos
No romper da madrugada
Se lhes falo de criollas
Lhes falo porque conheço,
Pois também andei do avesso
Por estradas e galpões,
Só não sei por que razões
A alma das criaturas
Vaga pelas planuras
Donde o vento norte ronca
Sobre cunheiras e estroncas
Que se ergueram nas lonjuras
Mas algum dia eu encontro
A parceria dos outros
Que usavam botas de potro
E chapéus pança de burro
Que perpetuaram sussurros
De boleadeiras e garras
E viram o sol entre as barras
De horizonte e infinito
Quando os primeiros gritos
Acolheraram guitarras