Letra: - Eron Mattos
Música: - Zulmar Benitez
Vai o rio buscando rumos
Por um sudário de areias
Enquanto fogem pepitas
Das cirandas das bateias.
Voejam nos galhos altos
Aromas e juritis
Embaixo dançam floridas
As ramas dos sarandis.
Quando a brisa silencia
Para escutar as cachoeiras
Dormitam pelos remansos
As copas das corticeiras.
Efeitos de sombra e luz
Descobrem, na manhã cedo
Ternas molduras de ninhos
Sobre o colo do arvoredo.
Nicácio foi galho em flor
E fruto em rama pendida
Para fazer-se semente
E renascer n´outra vida.
Com sóis e sombras na alma
E uma estrela no amanhã,
Singrou sonhos na bateia
Nas águas do Camaquã.
Por entre as águas e mágoas
Rio abaixo a ilusão,
Juntou seixos e ressacas
No leito do coração.
Remou tantas esperanças
Tantas naufragou ali
Que a erosão das barrancas
Passou para dentro de si.