O porte é de gente antiga
A voz, mais antiga ainda
De quem traz no entono a cantiga
Da pampa ancestral e infinda
Pura estirpe desses homens
Que têm o chão na garganta
Doutros tempos, doutros nomes
Já centenários na estampa
Nessas vozes reconheço
O linguajar da minha gente
Legado que não tem preço
Rios de uma mesma vertente
Nessas vozes vai meu povo
Gentes de lenço e de lança
Trazendo o antigo pra o novo
Vencendo tempo e distância
E olha o tempo que dispara
Numa carreira tão louca
Levando o Aureliano
O Darci, o Rillo e o Dimas
O Luis Menezes
O Marco Aurélio Campos
O grande Boca
E até o mestre Jayme
Senhor de todas as rimas
E do atavismo que nos prende
Unifica e nos governa
E que nos faz ver que a poesia
A poesia será eterna
Mas que a vida
La maula, a vida é pouca
Na fala, o acento campeiro
De uma era sem alambrados
De fortins, mangrulhos fronteiros
De mapas mal desenhados
Em ti vejo o mundo velho
Lume clareando o escuro
Sanga antiga em que me espelho
Pra ir campear meu futuro