Abriu seus olhos cansados
Tentando enxergar outro dia
Rio Grande não era tão grande
Pras dores que o homem sentia
Chegara no último sopro
No último tento do laço
Na alma silêncio e poesia
No corpo só febre e cansaço
Cristovão buscou seu passado
Além das paredes vazias
Lembrou de um que outro pecado
Da força do amor que sentia
A morte abria seus braços
Chamando Cristovão pra ir
Cristovão sestroso teimava
Lutava pra vida seguir
Lembrou da estrada da mata
Lembrou da primeira tropeada
Sessenta valentes e um guia
Abrindo caminho e picada
Quinhentas cabeças de gado
E um sonho que nunca se acaba
Coragem levando por diante
Seus rumos até Sorocaba
Os campos sem fim de Viamão
Os campos de cima da serra
A serra maior do Espigão
Jornada de alma e de terra
Dezenas de atalhos e rios
Surgiram na sua memória
Cristovão Pereira se viu
Abrindo caminho na história
E assim a primeira tropeada
Encheu de confiança o seu peito
A morte assistia ao seu lado
Num misto de maldade e respeito
Cristovão abriu um sorriso
E olhou com desdém pra danada
Pois perto da estrada da mata
A morte não há de ser nada
Lembrou da estrada da mata
Lembrou da primeira tropeada
Sessenta valentes e um guia
Abrindo caminho e picada
Quinhentas cabeças de gado
E um sonho que nunca se acaba
Coragem levando por diante
Seus rumos até Sorocaba