Um espinho, moço novo, morador da Japecanga
Se apaixonou, sem querer, por uma flor de pitanga.
Já tinha antes do inverno, trocado olhares de fato
Com outra flor de aroeira, da mesma costa de mato.
Teve uma vez que encantou-se numa flor de corticeira
Mas ela nem deu adeus, e foi-se na corredeira...
Se foi no rastro do arroio, que dividia as barrancas
Ficou de um lado o espinho, do outro, a "florzita" branca.
Uma vez meio de ponta, por voltas que a vida faz
Atacou um boi pampa alçado, com pose de capataz
Ali na boca do mato, onde sempre se enredou
O boi sentindo sua pua, deu cara-volta, e voltou!!!
Lhe chamam espinho brabo, pois não lhe conhecem bem
Já foi a farpa do arame, e a ponta que a espora tem...
Sabe que nunca na vida, vai deixar de ser espinho
Por causa dos seus açoites, tem medo de ser sozinho...
Flor de pitanga bonita, um dia vai ficar doce
Mas ele sonha um romance, como se possível fosse...
Por ser do mato, se esconde, do amor contido não conta
Não sabe assim, ter carinhos, por ser espinho, tem ponta!!
O espinho rasgou o pala dum campeiro de cruzada
E guardou a lã pra sempre, na sua ponta afiada.
Pra acenar despedidas, pro vento que lhe alvorota
Pois pensou em ir-se embora, cravado num pé de bota!!