É potro que corcoveia
É o gado solto no pasto
É o mundo que vem de arrasto
Sinchado no meu sovéu
Não renego tempo feio
Se a vida bota retruco
E até o céu por ser gaúcho
Se desaba num tropeu
O tempo por cabuloso
Vem tentiando nas berada
Mas não tem fogo, nem geada
Que consiga me pealar
Tenho a flor desta querência
No meu jeito de campeiro
E a fumaça dum palheiro
Se espalhando pelo ar
Uma tristeza de campo
Que se achega nessa hora
Mas minha alma de vento
Se renega estrada a fora
E assinando o sentimento
Talariando suas espora
Boto fé no meu cavalo
Que me leva onde eu quiser
Pela alma do gaúcho
Eu sigo trancando o pé
Boto fé no meu cavalo
Que me leva onde eu quiser
Pela alma do gaúcho
Eu sigo trancando o pé
Meu chapéu aba quebrada
Se tapiô num de repente
E eu mirei que o horizonte
Não tava tão longe assim
Um compasso de cincerro
Um galpão dos bem quinchado
E um violão bem afinado
São horizontes pra mim
Não hay furo no meu pala
Nem ferrugem na garrucha
Pois se ela é bem gaúcha
Não nega nas precisão
Trago poeira na bombacha
As espora bem afiada
E a querência bem trançada
Nas garras do coração
RZ