Enorme fogueira, tambores de negros
Estrondo, foguete, brilho e resistência
Embaixo da baeta, meu boi é felpudo
Lundu, Cacumbi, a Nzinga eu saúdo
Morrer, ressuscitar: É o boi a caminhar
Com o povo negro de luta a insistir nessa conduta
Tempos idos, vindos e vividos
Axé vermelho e branco encantado
Negro na lida também tange o gado
É grito, é brado
Por primeiro dancei, dancei, dancei
Do folguedo me fiz rei, fiz rei, fiz rei
Ou rainha-menina, de outro auto esquecida
Em Catirina ressurgida, sou mãe, mulher de lida, na lida, e lida
Festa de África
Festa de Congo, festa de cortejo
Em Lindolfo, sou eterno Francisco
Do povo negro, negro!
Sou cabano liberto, mameto disperso
De orixá, sou vodun e inquice
Filho de santo, Nordeste por vezes esquecido
Meu canto negro me leva e faz liberto o oprimido
Boi de caiado, boi de capoeira, boi de terreiro, boi de tamboreiro
É banto batuque! Batuque-boi! É luta e manto!
Boi do Arari, boi de lundu, boi do norte, boi de embaixada
Boi de santos, boi de bombá, boi Garantido, de Xangô e toada!