ARTIMANHAS DE LOURENÇO, FILHO DE SERAFIM
De Ruy Maurity e José Jorge
1980
Lembro que se deu em noite de silêncio e lua quando Serafim cumpre a sina
De crucificar o próprio filho em nome de vingança cega e honra assassina
Só porque Lourenço, dos quatro o mais novo era quem tudo sabia, eia-ô
Com a cara e a coragem enfrenta o pai, os dois irmãos e Maria.
Percorrendo tantas léguas quantas são precisas prá encontrar o elo perdido
Foi até guia-de-cego, protetor de moças, defensor de lei e bandido
Pelos idos de setenta, contam que Lourenço foi preso e linchado, eia-ô
Pelo povo da aldeia que viam nele a encarnação do Diabo
Desse feito o que se guarda na memória dessa gente ainda é um mistério
Poucos sabem que Lourenço escapou prá longe e lá fundou um santo império
Defendido por caboclos e mundanas, índios, mendigos, hermanos - Eia-ô
Todos eles unidos por devoção ao mais fiel dos ciganos!...