A morte não marca tempo
nem o dia, nem a hora
chega sem fazer rodeio
levando poeira embora
Quando eu me for da terra
Deus me transforme em capim
pra ver um potro berrando
pisando em riba de mim
Também não quero velório
só um simples galho de flor
pra que descanse sentindo
o cheiro do corredor
Indiada não levem a mal
e me enterrem na mangueira
pra ver uma tropa morruda
se empurrando na porteira
Quando nas noites de lua
uma luz brilhar o tapume
serei eu piscando os zóio
no corpo de um vagalume
Quero uma iguara pastando
e um sinuelo a tarde aos berros
e um pingo coçando a cara
na minha cruz de pau-ferro
Na minha cruz de pau-ferro
chega e te apeia, parceiro
te espera um cantil de canha
e o canto de um joão-barreiro