Mal se fechava o rodeio,
e já no primeiro momento se destacou um touro fumaça
que atropelava inté o vento
Era um zebu da canela fina que a gente duvida que existe,
sempre de cabeça erguida sólito e berrando triste
E atacando o rodeio num petiço alasão tava um guri de dez anos
que era filho do patrão
Piazito criado solto no galpão como xirú,
tinha uma estranha atração por esse toro zebu
O toro saiu bufando no meio da cachorrada
dando coice e atropelando dereito fundo da invernada
Gurizito deu de rédia pois gostava do serviço mais
quando viu o touro tava já cola do petiço
Não deu tempo pra mais nada, foi uma cornada só
e ficou o guri e o petiço tapado de sangue e pó.
Antes de morrer disse o guri pro pai vendo a desgraça:
não quero que vocês matem o touro Fumaça
Levaram com dois laço pra manguera o dito touro
pra no dia seguinte venderem pro matadouro
Na manguera em frente as casa onde se dava
o velório o touro fumaça berrava no mais tristonho ofertório
Que noite triste para o cedo
Enquanto velavam o defunto o touro zebu berrava
e a cuscada uivava junto, parecia arrependido e na canga desse pecado
Ele berrava tristemente como chamando o finado
Inté a lua lá no céu com uma tristeza que encerra iluminava
mais o touro do que as outras coisas da terra
Quase de manha calmou o berro igual um trovão
e ficou o silêncio esperniando no velório do galpão
Quando clareo bem o dia algém foi lá na manguera
e encontro o toro morto no costado da portera.