A sorte a gente acha
E o azar a gente procura
Encilhei uma égua Baia
Com as quatro pata' escura
Botei uma bombacha branca
E um lenço de seda pura
Fui visitar a namorada
A fia do João Ventura
Saí pachola assobiando
De longe, eu vi minha prenda
Tava linda me esperando
Na janela da fazenda
Me mandou que eu passasse
E o assunto não vinha
Era um tempo de seca
Há muito que não chovia
Disse ela, sai a Lua
Que o tempo chove de fato
Eu disse, se não demora
Pode chover entre os quarto
O assunto tava lindo
Mas, nisso, o véio chegou
E eu resolvi vim me embora
E aí que não prestou
Um cusco véio Brasino
Desses que chamam o campeiro
Dessas mistura' de raça
Mas tem Lagarto no meio
Despôs que pega não larga
Obedece nem o dono
Mordeu nos garrão' da égua
Que me deu um baita tombo
Aquele égua veiaqueando
E me cruzando por cima
Inda' ia me mijando
Oiga-lê que triste sina
Eu não queria afrouxar
E o João Ventura não vinha
E a namorada me olhando
Dando adeus pro Mano Lima
A minha bombacha branca
Ficou vermelha de terra
Meu lenço de seda pura
Fedia a mijo de égua
O cabresto, eu não frouxei
Os arreio, eu não perdi
Mas a fia do Ventura
Eu nunca mais a vi
O cabresto, eu não frouxei
Os arreio, eu não perdi
Mas a fia do Ventura
Eu nunca mais a vi