No bico do urutau geme a tristeza
Das almas esquecidas deste chão
Que choram de saudade e incerteza
Nos campos a pediram oração.
No bico do urutau a morte grita
Cortando um lamento, a imensidão
E a noite que dormia tão aflita
Se esconde com o véu da cerração.
Por isso o meu semblante pe tão tristonho
O tempo não espera sem razão
De dia traz sol que acende o sonho
De noite o urutau e a solidão
No bico do uruatu se foi a vida
As tropas, as carretas e os galpões
O vento vem trazendo a recolhida
Trazendo a tão falada evolução.
Mas quando a lua apaga a luz do dia
E um grito vem trazer desilusão
É o bico do urutau que anuncia
Que um dia eu hei de ser assombração.
Já não existem tropas, e eu tropeiro
Não tenho outro oficio ou vocação
Eu trago o meu destino nos arreios
E um grito de urutau no coração.