Mano Lima
Vaneira
Eu sou um bicho do mato que me criei ao rigor
Agarrando touro a unha e surrando um corcoveador
Pealando de todo laço até incendiar meu tirador.
Brotei do oco da terra como brota um olho d’água
Cresci gaudério e sozinho sem pai, sem mãe e sem nada
Cortando churrasco gordo quase toda madrugada.
Sou tipo gato palheiro, como a carne mal assada
Nunca cortei o cabelo e quase me alcança na barba
E o bigode tem um cerro de tanta graxa coalhada.
Certa vez uma gaúcha veio pra mim se queixar
- Tu é um xirú apessoado queria te namorar
Mais eu não entendo disso nem se quer aprendi falar
Eu gosto de palear égua pra ver o estouro que dá.