"Bombiando a tropa berrando
tristonha pra um saladeiro
Meu coração de tropeiro mugi nessa tarde fria
Pois quem tropeia apaixonado
não sabe se é noite ou dia. "
Parceiro me dá uma mão
pra nós contar essa boiada
São vinte noites de ronda
inda falta muita estrada
Mangueia aquele aspa torta
que está solito na aguada
Chama os guris pra culatra
e raia com a cachorrada
Manda o Gentil pro fogão
que tem mate e carne assada
Ata a porteira do canto
que essa boiada é safada
Abre o cavalo da troca deixa ela redemuiar
Vou cantar uma aquada antiga
pra boiada se acalmar
Da bicharada que avoa a mais linda é a sariema
Que quando canta
parece que Deus recita um poema
Da bicharada do mato o mais taura pelo jeito
É o chupim que veste luto
canta alegre sastifeito
Ronda, ronda, ronda, boi
ronda de noite estrelada
Ronda, ronda, ronda, boi
saudade tropa na estrada
Lá se vem o sol saindo no rastro da madrugada
São muitos dias de tropa
inda falta muita estrada
Deixem que o gado se estenda
boi gordo não se judia
Que hoje a pampa amanheceu lambuzada de poesia
Floxa a ponta que se vai ao tranco no corredor
Bota o Vito de ponteiro e o Locádio no fiador
Mês que vem quando eu voltar
campeando rastro da amada
Vem de Cincerro a saudade
semblando coplas na estrada
Minha alma tá abasteriada
meu coração doente vem
Quem curar a minha alma cura o marvado também
O amor é boi que pula tronco
aramado e portão
Também arromba porteira do campo do coração
Ronda, ronda, ronda, boi
ronda de noite estrelada
Ronda, ronda, ronda, boi
saudade tropa na estrada
Saudade da minha amada