Desdobrando Um Chamamé
Sentei minha garras no lombo d’um redomão pangaré
E me larguei prum fandango num galpão de Santa Fé
Já sai com uma potranca desdobrando um chamamé
Daqueles bem sacudido de frouxa o couro dos pé.
Eu sou do pampa gaúcho e a minha raça não nega
Aquela prenda lindaça vinha me dando uma esfrega
Por volta da meia noite parecia um pega-pega
Se aninhando no meu peito que nem perdiz nas macegas.
Um candeeiro fumacento na forqueta d’um esteio
Um piso socado a maio que parecia um espelho
Dancei de espora e de pala no cabo da faca o relho
E a bota cano comprido, puxada a riba do joelho.
Virava pra madrugada dei um cachê pra o gaiteiro
Mandei que tocasse um xote daqueles bem galponeiro
Fiz um convite pra prenda no meio do entrevero
Pra vir conhecer meu pago o meu torrão missioneiro.
Quando amanheceu o dia nós tava longe de lá
Unidos num só destino e o mundo pra nós tranquiar
No topo de uma coxilha vou vivendo a Deus dará
E a china enfeita o rancho com meia dúzia de piá.
por nelson de campos