Abre-se o fole da gaita na missioneira liturgia
Dobrando o som e a magia dos sinos de São Miguel
No Sacro Santo quartel que guarda lendas e medos
Redescobrindo segredos da missionária oficina
Luz melódica e divina sangrando a alma nos dedos
É a Cruz indicando o rumo, apontando em quatro braços
Guardando, ainda, os pedaços daquilo que já foi luz
Que hoje, ainda traduz, sem nada que se descarte
Óstia, pampa, que se parte na comunhão missioneira
Transpondo qualquer fronteira pelos caminhos da arte
É o monge que desgarrou-se da catedral Miguelista
Pra transformar-se em artista no mais pagão dos missal
Pois trouxe da catedral toda a beleza e o encanto
Guardando pra si, portanto, o ensinamento jesuíta
No pago inteiro que grita expresso no próprio canto
É a voz da América Antiga, primórdios do gauchismo
No primeiro catecismo, impresso em língua charrua
Moldura da estampa nua, do guarani, do Botú
Selvagem, liberto e cru, na gaita, o clarim de guerra
Fazendo tremer a terra, nas carras de Tiarajú
Fazendo tremer a terra nas cargas de Tiarajú
Fazendo tremer a terra nas cargas de Tiarajú