Eu sou um poço de versos,
Sou cachoeira, sou cacimba,
Sou ramagem que não cimbra
Por mais repleta de ninhos.
Sou canto de passarinho
No alumbramento da aurora,
%Eu sou a estrela da espora
Cantando pelos caminhos...%
Sou verso que sai a trote
Com franciscano desvelo,
Rimo “pelos cotovelos”
Quando o vento faz o mote
Meu canto não perde o norte
Pois – de guitarra ou de relho –
%Eu vou cantando parelho
Fazendo pouco da morte...%
Eu sou canário da terra
Que não cai em alçapão,
Sou outro galo de guerra
Que faz cantar esporão.
Assim vou narrando a saga
De um povo sobrevivente,
%Riscando à ponta de adaga
O passado no presente%
Por isso ninguém me cala
A teimosia do canto
E em balcão onde me planto
Qualquer gaita me regala...
E donde meu verso xucro
Tira ronda de a cavalo:
%A lua uiva nos cuscos
E o sol replica nos galos.%