Milonga do Peão De Agora
No meu destino de peão eu sofro muito por dentro
Pois sinto que sinto o centro de grandes
transformações
Aos golpes a evolução tira-me tudo o que quero
E para ser bem sincero me julgo um peão no direito
De guardar dentro do peito as coisas que mais venero
Rodeios, tropas, repontes de gado campos a fora
Som de barbela e de espora, me atraçando os horizontes
Repechos, várzeas, aprontes para uma lida campeira
Sou peão que na vida inteira tem por únicos regalos
Mulher, guitarra e cavalos e a estrada por companheira
Mas não só pressentimentos rodam meus dias atuais
Já vejo as horas finais até dos divertimentos
Ramadas, carreiramentos e os domingos nos bolichos
Deixaram de ser cambichos da gauchada de agora
Que anda a toa estrada afora sem luxos e sem caprichos
Por isso tenho direito de resguardar o que quero
E aquilo que mais venero rejuntar dentro do peito
A evolução não rejeito apenas o que eu anseio
É que ela não ache o meio de transformar-me por dentro
Pois meu coração é o centro de um permanente rodeio.
por nelson de campos