É pela marca que se sabe o dono
É pelo berro que se acha a cria,
Mas quem tem marca e ainda berra
Vive a esmo pelas sesmarias.
Se até o gado busca ser livre
Em noites altas pelo vão do arame
Porque alguns homens com sabedoria
Usam buçal, acatando infames?
Calar a voz e curvar o lombo
É viver em vão e não ter consciência
Andar na verga é pra boi manso
Que por ser bicho cumpre a penitência
Mas se nascemos para sermos livres
Porque então aceitar o ajôjo?
Maneias e cordas são para animais
Que não trazem anseios dentro de seu bojo.
Mudaram-se os tempos, não mudaram àqueles
Que insistem na castra da liberdade
Consciências arcaicas, carregam museus
Que insistem ainda viver de saudade.
Janelas se abrem, ao abrirem-se os olhos
Mas para vermos, precisa ambição
Querer ser livres, soltar amarras
Largar o grito com o coração.