Meu canto quando se aldeia
É um rio que seca não corta
Não neceseia maneia
Nem trinco a tranca na porta
No fogo que o canto apeia
Não é o lamento que importa
(Pois a esperança escarceia
No porto onde a dor aporta)
Meu estro afaga e consola
Não tem orgulho, agasalho
(Sua voz e as cordas da viola
São materiais de trabalho)
O verso é luz que clareia
Na solidão da hora morta
E quando a mágoa goteia
Alenta mais que conforta
Meu canto é de claridade
Longe das aves noturnas
(Que os raios da liberdade
Não vem de grotas ou furnas)