Apertei o nó do lenço
Me arremanguei até o joelho
Ajeitei bem a melena
E depois me olhei no espelho
Entrei pra dentro da sala
Cheia de prenda lindaça
E ma cordeona roncava
Entre a poeira e fumaça
Gritava o dono do rancho
“Dê-lhe boca no teclado”
Com o chapéu sobre a nuca
E um pala velho atirado
O salão ferveu de gente
Se guasqueando pros dois lados
Todo mundo corcoveando
Que nem chibo empanturrado!
O gaiteiro era dos buenos
E acalcava vanerão
E eu saí marcando passo
Bem no meio do salão
Com uma chinoca nova
Uma beleza de figura
Que parece até que tinha
Uma mola na cintura!
O fandangaço pegou fogo
E a gente não se governa
Eu saí co’aquela china
Se acavalando em mi’a perna
Aqueles cabelos negros
Chegavam me dar laçaço
Quase igual a um pano preto
Se estendendo no meu braço
O salão ficou pequeno
Sobre um piso ressequido
E eu conversava co’a prenda
Cochichando no ouvido!
Mas que chinoca lindaça
Oigalê potranca louca”
Me chama de meu cusquinho
E me cospe no céu da boca!
Quando o sol meteu a cara
Montei ligeiro num upa
Saí assobiando fachudo
Com uma estrela na garupa!